Carnosus - Visions of Infinihility (2023, Independente)

By Guzz69 - fevereiro 14, 2023

 

Há bandas que parecem surgir do nada e nos surpreendem com álbuns de gente grande. Este é o caso dos suecos CARNOSUS, um quinteto que pratica um death/thrash metal técnico de tirar o fôlego até mesmo aos mais aficcionados. A novidade Visions of Infinihility é na verdade seu segundo álbum de longa duração, sucessor de Dogma of the Deceased lançado em 2020. Confesso que nunca tinha ouvido falar da banda, muito embora sua formação remonte a 2011, fato que ajuda explicar tamanha coesão técnica em sua extrema proposta musical. O novo trabalho marca a estreia de Marcus Jokela Nyström no lugar do guitarrista original Felix Ringmyr, que deixou o grupo após o lançamento do debut em longa duração. Recebi o promo digital pela Cutting Edge Metal PR no início de Janeiro, e após algumas audições não tive dúvidas em destacá-los entre os melhores de Janeiro, muito embora só tenha sido lançado oficialmente a poucos dias, e de forma independente, através de sua página no bandcamp. Mas afinal o que há de tão interessante neste álbum?

Basta colocar o tema de abertura Ossein Larcenist para ficar convencido de que estamos diante de uma banda extremamente oleada tecnicamente, hiper dinâmica e versátil. Outro detalhe que salta às vistas é a produção exemplar de Robert Kukla, com uma mixagem super equilibrada que realça todos os detalhes técnicos explorados pelo grupo. Os riffs das guitarras soam matadores, e os solos melodiosos embelezam cada tema sempre que requisitados. Claro está, sem nunca abusar do protagonismo e de eventuais redundâncias do gênero. O baixo e a bateria não ficam atrás, sempre em perfeita sintonia nas complexas composições do álbum, sem que nenhuma nota passe despercebida. Tudo isso já era o suficiente para chamar atenção, esse mix original de death, thrash, black e progressivo, mas a improvável cereja do bolo é a impressionante prestação vocal de Jonatan Karasiak. Esse 'monstro diabólico' conseguiu reunir todos os tipos de registros vocais da música extrema em um só álbum! Confira sua performance diferenciada no vídeo abaixo.


Mas como pode uma banda de death metal ser versátil? Esse é um ponto importante que o grupo explora,  não só musicalmente como liricamente também. Trata-se pois de um trabalho conceitual sobre um universo distópico onde um reinado tirânico tem o propósito de repopular seu mundo com uma raça cadavérica (!). O conceito já havia sido explorado no álbum anterior, e se tornou um território fértil para a criatividade do grupo. Acredito que a diversificada performance vocal amplifica a mensagem do álbum, tornando suas canções surpreendentemente memoráveis. Para quem sempre torceu o nariz para registros vocais unidimensionais, típicos da música extrema, passará a considerar o Carnosus como uma benção ao estilo. Até mesmo os pig squeals e os growls mais cavernosos, que em geral não costumo gostar, encontram-se tão bem colocados que tornam-se essenciais dentro da proposta multi-dimensional do grupo. Dentro dos diversos registros agressivos, há que realçar também a perspicácia da vociferação das palavras, que foge ao lugar comum, e se torna até engraçada em alguns momentos. Haja fôlego! Não sei por quê, mas me veio a mente o vocalista Brendon Small (Dethklok), que emprestou voz ao personagem Nathan Explosion na série de desenho animado Metalocalypse da Adult Swin. Ahh, para além de tudo isso, há certas partes em que o vocalista mostra que também sabe cantar! 


Voltando ao alinhamento do álbum, fica difícil destacar algum tema em particular, visto que todas as 9 canções estão num mesmo (alto) nível de qualidade. A rifferama Thrash impera e contagia, assim como a intensa brutalidade Death. Mesmo assim não tem como não referir In Debt to Oblivion cujo riff/melodia inicial torna-se imediatamente reconhecível. Outros destaques vão para Calamity CrawlTowards Infinihilistic Purity, ambas começam rasgando a todo vapor (blast beats) com toques pontuais de black metal, e que me fizeram lembrar os britânicos Cradle of Filth sem o recurso dos teclados. Apesar do álbum soar caótico, tudo aqui é feito de forma consciente e com extrema destreza técnica. Se você é fã de bandas clássicas como Death (fase final) ou mais recentes como Vektor e Rivers of Nihil, e gosta deste tipo de proposta extrema onde o caos é servido de forma organizada, o Carnosus será com certeza a sua nova banda favorita do gênero.

Carnosus, a nova revelação da música extrema.


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