Lobota festeja 35 anos de Nada é Como Parece!

By Guzz69 - julho 29, 2024

 

Neste sábado, 27 de Julho, uma noite histórica ocorreu quando o LOBOTA subiu ao altar da La Iglesia Borratxeria em São Paulo. O evento celebrou os 35 anos de aniversário do álbum "Nada é como Parece" do Lobotomia (1989, Cogumelo Records), lançado no auge das fusões do thrash com o punk rock, dando inspiração a inúmeras bandas de crossover e hardcore como o Lobotomia, que já era uma das principais expressões deste gênero no Brasil. LOBOTA foi uma ideia que partiu de fãs inconformados com a separação e os hiatos da banda, e por ocasião desta passagem de Marco Zakir pelo Brasil (ele vive na Sérvia atualmente), pediram uma festa de aniversário do álbum de estreia do Marcão após a saída do primeiro vocalista Caio. O baterista Dru (Periferia S.A. banda de Jão e Jabá do Ratos de Porão), o guitarrista André Criança, que não gravou com Lobotomia, mas chegou a fazer turnê com a banda pela Europa, e o baixista Tiago do Facção de Sangre do ABC Paulista, uniram forças e energia positiva para que Marcão Lobota pudesse nos trazer essas inesquecíveis músicas de volta ao palco. 

Marco Zakir, André e Dru (Lobota)

Em alto e bom som Nada é Como Parece abriu a noite já levando os presentes ao pogo e a cantar o refrão em plenos pulmões. A porrada de Donos do Sistema seguiu para embalar a galera e já entregar as conhecidas, geniais, expressivas e intensas performances de palco de Marcão. Como todos já sabiam; Mosh to Die foi declamada pelas graves e fortes cordas vocais de Marcão, afinal era uma das músicas mais esperadas do álbum, e das mais características da era crossover da banda. Seguindo na íntegra o álbum aniversariante Penso Logo Desisto, Fiquem e se Distraiam e Ratos da Cidade entregavam com potência de quem sabe bem o que faz, com vontade e empolgação. Como o próprio Marcão disse ao microfone algumas vezes, "eu faça isso desde os 15 anos de idade, não vou parar, não vou ficar com muitas palavras e ir direto ao assunto, uma música que ainda é muito atual"... Manicômio, mostrando a loucura que ainda habita em nosso país. Drugs foi a próxima, e não era delírio, ninguém mais ficava parado e La Iglesia se transformou em uma festa punk, Marcão desce do palco e canta o som inteiro dançando com a galera. Sem Palavras que fecha o Nada É Como Parece, não fechou o setlist, mas deu início a sequência ainda mais esperada pela galera: A forte e pesada Vítimas da Guerra foi um de meus sons preferidos da noite, em seguida, talvez a mais conhecida do Lobotomia, Só os Mortos Não Reclamam, para ficar bem claro que todos ali estavam bem vivos e não havia nada do que reclamar sobre o espetáculo apresentado. Então Marcão declamou como se fosse um convite aos presentes; "Paranóicos, doentes mentais, esquizofrênicos, psicopatas. Não são mais do que o lixo humano, amontoados nos manicômios, e para conter os gastos de Estado, Lobotomia é a forma de cura! Lobotomia!" A letra que anunciava a excelente Lobotomia. Como o próprio nome da banda sempre disse, e as letras das músicas nos fazem refletir sobre a maneira desumana que nossas sociedades sempre tiveram de lidar com os transtornos mentais, com a diversidade, com a miséria social, e como as sociedades produzem adoecimentos psíquicos, sociais e extermínios humanos. 

Tiago (Lobota)

Mas como ninguém ali estava extinto, o LOBOTA ainda executou uma trinca de músicas do álbum Extinção e para fechar sem politicagem e com muita honestidade e verdade; Política Sionista de 1986, uma de minhas preferidas da banda também. Foi uma grande e importante noite para a música pesada underground da cena hardcore de São Paulo. Achei bacana que estavam lá presentes curtindo o show figuras como Maurício (primeiro vocalista do Inocentes), Sartana (primeiro baterista do Olho Seco), Marinho (baixista do Pavilhão 9), além de vários amigos e diversos fãs em comum. Foi bacana ouvir Marcão dizendo no palco que já era um fã do Lobotomia mesmo antes de integrar a banda. Vida longa ao Lobota, e viva essa felicidade em constatar que "É como Parece", a música se mantém viva, unindo pessoas em torno dessa vibração positiva que é a arte e a expressão. 

Insane Mosh Dealers

O IMD (Insane Mosh Dealers) fez a abertura da noite. Infelizmente entrei no meio da curta apresentação da banda, mas foi suficiente para presenciar a força e o impacto de sua música, que empolgou e conquistou o público presente em um bem executado e cadenciado hardcore.


Texto e Fotos por Alexandre Barretti

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