Kool Metal Fest em resenha de colaborador!

By Guzz69 - junho 12, 2024

  

A tarde do domingo de 09 de junho de 2024 já iniciou com uma verdadeira celebração aos headbangers que lotaram a confortável Vip Station em Santo Amaro. Foi a mais recente edição do Kool Metal Fest que desta vez trouxe as bandas nacionais Facada, Cemitério, Velho, Vulcano, e os cabeças de cartaz Venom Inc. da Inglaterra e Possessed dos EUA. Só pude chegar ao local na metade da apresentação do lendário VULCANO de Santos, na entrada como sempre, encontrei antigos amigos, mas o local estava muito cheio, então fui conferir os merchandisings, comprimentar conhecidos, e portanto, acabei não conferindo os shows anteriores. Quando acessei o camarote, também bastante cheio, já restavam poucos minutos para o início do VENOM INC. 

Cartaz atualizado com Facada (Brasil) no lugar do Necrodemon (Chile)
Pontualmente o trio liderado por Mr. Tony "Demolition Man" Dolan já entrou incendiando os acordes de Witching Hour e na sequência Bloodlust, clássicos do debut do trio na era Cronos. As duas músicas seguintes foram dos dois bons álbuns do Venom Inc, Come to Me do último There´s Only Black seguida da potente War do primeiro Avé. Voltando as origens Welcome to Hell vem para completar mais uma do debut. O público cantava alto e forte o refrão, entusiasmados pelo excelente som que o power trio executava no palco. Após uma breve saudação e declaração de amor a São Paulo e ao Brasil, Tony nos traz Inferno do novo álbum e em seguida, parecendo sempre querer intercalar com as origens, mais uma de Welcome to Hell, a imponente Live Like an Angel (Die Like a Devil). Acho legal perceber a semelhança de Tony Dolan, desde sua antiga banda ATOMKRAFT, que fez história junto ao NWOBHM, com o VENOM de Cronos. Sempre foi inevitável fazer essa comparação. A presença de palco, o estilo de cantar na posição com pedestal, tipo Lemmy Kilmister, o estilo de esmurrar o baixo e principalmente o timbre de voz. Não são meras coincidências, mas verdadeiras admirações e inspirações entre os músicos. A oitava e nona música do show foram respectivamente Blackened are the Priests e Carnivorous do interessante, polêmico e excelente álbum Prime Evil (1989) do Venom já com Tony Dolan no comando substituindo o antigo chefe Conrad Lant. 

Tony "Demolition Man" Dolan, baixo e voz do Venom Inc.
O público recebia muito bem a banda em cada música executada, cantando junto e aplaudindo euforicamente, então antes de anunciar o próximo som, foi a vez de Demolition Man retribuir esse carinho ao público. Ele pegou a garrafa de seu Jack Daniels, quase inteira, que bebia entre uma música e outra, bem no estilo VENOM, e entregou ao público o veneno, fazendo um pacto de que o fã escolhido, passaria e repartiria a cortesia alcólica com os demais presentes, e assim foi feito. In Nomine Satanas foi a próxima a incendiar a galera, intercalada com outra nova do Venom Inc., a faixa título do album There's Only Black. Após uma pequena pausa para água e tomada de fôlego, enquanto Curran Murphy fazia sua guitarra urrar entre efeitos e alavancadas, já se podia ouvir os ruídos da introdução a Black Metal!! O local veio a baixo. Interessante que justo nessa música o microfone de Tony falhou, mas não fez muita falta pois a galera cantou em peso no lugar dele: "lay down your souls to the gods rock n roll... Black Metal..." Em seguida para não esfriar as chamas, In League With Satan, minha preferida, Countess Bathory e Sons of Satan parecendo batizar a todos que estavam lá presentes e sorridentes. Alguns podem dizer que essa é uma banda cover, principalmente porque desta vez não estava presente o guitarrista Mantas, que se recupera de um recente ataque cardíaco em Portugal, mas o fato é que Curran Murphy (guitarra) e Jeramie Kling (bateria) ao lado do feroz Tony Dolan não deixam nada a desejar e prestam um verdadeiro ritual de homenagem ao grande VENOM. 

Venom Inc. | Foto Alexandre Barreti

Finalmente tomando toda extensão do palco, o emblemático e impactante logotipo do quinteto californiano, precursores do death metal, da bay area: POSSESSED. Os fãs já possuídos contemplavam o logo dos headliners da noite, enquanto eu assistia pelo celular de um casal de amigos, pelo perfil do Jeff Becerra, sua chegada ao Vip Station. Ele deixou para entrar bem em cima da hora marcada, enquanto seus colegas de banda já estavam atrás do palco aguardando, afinando os instrumentos e fumando algo que não pude identificar o que era a distância kkk Com aproximadamente dez minutos de atraso da hora prevista Daniel Gonzales, Claudeous Creamer (guitarras) Robert Cardenas (baixo) Emilio Marquez (bateria) e Jeff Becerra (vocal) explodem o palco com No More Room in Hell do excelente último álbum Revelations of Oblivion de 2019. O Possessed já esteve no Brasil, mas confesso que essa vez era a mais esperada, devido a este grande retorno e retomada da carreira, resgatando os primórdios da banda que marcam neste álbum mais recente. Em seguida do mesmo álbum, a veloz Damned. Pentagram do álbum Seven Churches e Seance do álbum Beyond the Gates são as seguintes. Essas primeiras músicas soavam muito emboladas e a voz de Jeff estava baixa. The Word do álbum Revelations e Storm in my Mind do EP de 1987 ainda apresentavam um som de palco embolado e a voz de Jeff baixa. Achei muito legal tocarem músicas deste EP que marcou uma fase mais thrash do POSSESSED. Dominion já apresentava um som com definição muito melhorada, mas Jeff parecia esforçar-se para ser ouvido. 

Jeff Becerra, na cadeira de rodas, a voz e alma do Possessed

Acho incrível como o POSSESSED mesmo sem contar com a formação original de guitarras, bateria e baixo, consegue recriar a sonoridade, timbres, e características da banda (como as viradas de bateria nos tons) na mesma essência e particularidade do que faziam nos anos 80. Tribulation do bom, mas mal produzido, Beyond the Gates vem na sequência para empolgar o público com um som mais alto e com a voz mais presente. Graven do álbum Revelations of Oblivion também não podia faltar. Então, certamente, a mais aguardada música da noite surge com a belíssima e emocionante introdução para The Exorcist para exorcizar e balançar a cabeça de toda galera! Assinatura "possessediana" aqueles duos riffs de guitarras. Outra do mais recente álbum, a boa Demon e Fallen Angel para marcar mais uma de peso do debut Seven Churches. Foi divertido ver Jeff Becerra contando com participações especiais da platéia durante Fallen Angel, ele punha seu microfone na boca de uns fãs da frente que davam gritos e urros guturais para preencher o final da música. Para fechar a noite, duas que não podiam faltar; o hino Death Metal (que deu nome e origem ao estilo) e Burning in Hell do debut Seven Churches para deixar todos os presentes em cinzas. Foram seis músicas do incrível Revelations of Oblivion, cinco músicas do Seven Churches, duas do Beyond the Gates e duas do The Eyes of Horror. Esse setlist marca o presente e o provável futuro desta veterana banda, mostrando que não vivem só do passado. Assistir Jeff Becerra tomando a frente de palco em sua cadeira de rodas é uma verdadeira lição de vida e superação. Mesmo tendo vivido tragédias, é motivador ver seu envolvimento, entusiasmo e energia de estar lá como frontman nos trazendo a força do POSSESSED de todos os tempos.

Texto e Fotos: Alexandre Barretti

Possessed | Foto Alexandre Barreti

  • Share:

You Might Also Like

0 comments