Sepultura - Machine Messiah

By Guzz69 - maio 16, 2018


DĂ©cimo quarto trabalho de estĂșdio do Sepultura, banda sinĂŽnimo de resiliĂȘncia e perseverança na mĂșsica extrema nacional. Com mais de 30 anos de estrada, hoje ostentam o status da banda brasileira de heavy metal mais bem sucedida no globo terrestre. Uma trajetĂłria pautada por grandes desafios, rupturas, polĂȘmicas extra musicais, turnĂȘs mundiais, milhĂ”es de discos vendidos, mas acima de tudo,  por uma musicalidade Ă­mpar, aliada a um Ă­mpeto descomunal da mente criativa que assumiu para si a responsabilidade de manter o grupo relevante a despeito de qualquer adversidade. Falo Ă© claro de Andreas Kisser, mĂșsico extraordinĂĄrio e alma do Sepultura desde que assumiu o posto de guitarrista em 1987. O passado recente da banda tem sido pautado por discos conceituais ("Dante XXI" baseado na Divina ComĂ©dia de Dante Alighieri, e "A-Lex" inspirado em Clockwork Orange de Anthony Burgess), obras que transpiram a necessidade de desbravar novos territĂłrios, de ir alĂ©m das fĂłrmulas exploradas no passado, e em Ășltima instĂąncia, de propor um olhar artĂ­stico diferenciado e impactante, sem descurar de sua marca registrada em termos de agressividade e potĂȘncia musical. Os dois Ășltimos trabalhos, "Kairos" e "The Mediator Between Head and Hands Must Be the Heart", foram escritos com inspiração temĂĄtica, mas nĂŁo eram ĂĄlbuns conceituais per si. EntĂŁo como Machine Messiah temos o regresso de uma temĂĄtica central, explicitando a visĂŁo do grupo sobre um tema bem pertinente e atual, no caso, o processo de robotização das sociedades modernas.


SEPULTURA
A produção de sueco Jens Bogren tambĂ©m Ă© digna de nota, ele que assina os Ășltimos trabalhos do Angra (entre outras dezenas de artistas do gĂȘnero), conseguiu imprimir uma vitalidade impressionante neste Ășltimo opus do Sepultura. Musicalmente o ĂĄlbum começa da melhor forma possĂ­vel com a mamutesca faixa tĂ­tulo, atmosfĂ©rica e sombria, apresentando a primeira grande surpresa do ĂĄlbum: os vocais limpos de Derrick Green. Outros temas em destaque com o recurso desta abordagem mais limpa sĂŁo "Vandals Nest" (porrada com vocais rasgados mas com refrĂŁo limpo e impactante), e ainda a extraordinĂĄria "Cyber God", que tal com a faixa tĂ­tulo, vai aos poucos crescendo de intensidade, mostrando a atual versatilidade vocal de Derrick, e colocando ponto final em mais um excelente ĂĄlbum. Quanto ao instrumental, nĂŁo hĂĄ muito o que dizer, pois estĂĄ devastador! Eloy Casagrande se consolida na bateria, com tĂ©cnica apurada e execução imaculada, e faz-nos esquecer completamente seus Ăłtimos antecessores. Paulo Xisto segue segurando bem a onda da banda, cada vez mais trabalhada e experimental, mas quem se destaca mesmo Ă© Andreas, que riff atrĂĄs de riff, solo apĂłs solo (alguns com influĂȘncia de mĂșsica oriental), dĂĄ uma aula de thrash metal e diversidade musical. Ahh, ainda tem o resgate da cultura tupiniquim em temas como "Phantom Self" e a instrumental "Iceberg Dances". Isso sem falar no uso de teclado em alguns temas, sendo o exemplo mais flagrante "Sworm Oath", onde a banda consegue soar grandiosa, sem perder nada em termos de personalidade. Enfim, um grande ĂĄlbum, provavelmente seu melhor trabalho na Ășltima dĂ©cada, e que nĂŁo por acaso figurou no TOP30 internacional do MOM. Agora com a cĂłpia fĂ­sica em mĂŁos (graças a uma promoção da loja FNAC), pude finalmente apreciar a obra na totalidade, e ratificar minhas impressĂ”es iniciais de quando o ĂĄlbum foi lançado em Janeiro do ano passado. ImprescindĂ­vel!

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