Riffs matadores, acordes dissonantes, vocais inumanos, e velocidade estonteante são alguns dos predicados do mais recente trabalho de estúdio em longa duração do quarteto Francês Otargos. Embora este seja meu primeiro contato com sua música (promo enviado pelo Zach da Metal Devastation PR em Novembro de 2021), acabo de descobrir através do canal oficial da banda no youtube, que há 13 anos faziam sua primeira tour em solo nacional, inclusive tendo seus primeiros álbuns lançados por aqui. Muita coisa mudou em sua carreira desde então, e sua sonoridade inicial (black metal old school) evoluiu para um blackened death metal técnico dos mais bem produzidos, ousados, e incisivos da Europa, igualando-se facilmente a nomes como Behemoth, Vader ou até mesmo a seus conterrâneos Deathspell Omega.
Entre as novidades do novo álbum Fleshborer Soulflayer temos a precisa e veloz execução rítmica de Michael Martin (ex-Exocrine, ex-Fleshdoll) na bateria, e o regresso do guitarrista Astaroth que havia gravado 3 álbuns com o grupo entre 2007 e 2010. O domínio técnico do quarteto impressiona desde os primeiros segundos da hiper veloz Incursion of Chaos (confira no video oficial abaixo) até a mais cadenciada Sentinel que encerra o álbum. Ao todo são cerca de 35 minutos avassaladores de música extrema (10 temas contando com a intro Rise of the Abomination e o outro Warp), pautados por inesperadas mudanças rítmicas, pausas (!) e solos de guitarra bem colocados, e uma sensibilidade melódica rara em grupos deste calibre sônico. Os registros vocais do guitarrista Dagoth também são dignos de nota, bem colocados e variados, através de efeitos sonoros e do inteligente fraseado das letras, tornando algumas palavras perceptíveis e memoráveis, algo pouco comum no gênero.
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