Sunroad - Walking the Hemispheres (2021, Musik Records)

By Guzz69 - dezembro 01, 2021



O ano está terminando, e mais um vez estamos prestes a fazer mais um balanço dos melhores álbuns nacionais nas diversas facetas do rock/metal. Em 2020 já havíamos sentido um diminuição significativa no número de lançamentos, e em 2021 não foi diferente. A pandemia continua a ser uma triste realidade que afeta a todos sem exceção, muito embora com um impacto cada vez menor devido a conscientização da população e a vacinação em massa. Ainda assim bandas e gravadoras nacionais continuam muito cautelosas, visto que investir em novos trabalhos sem a certeza de poder promovê-los ao vivo, é de fato assumir um risco que pode levar a prejuízos financeiros, frustração e até mesmo ao fim prematuro de muitas bandas. Felizmente tem havido lançamentos suficientes para elaborar um TOP30, e este novo trabalho do SUNROAD é um dos que certamente irão figurar entre os melhores do hard'n'heavy de nosso país, outra vez!

Oriundos de Goiânia e liderados pelo único integrante da formação original, Fred Mika (bateria) vem mantendo o grupo ativo mesmo com inúmeras mudanças na formação, tendo lançado 9 discos de estúdio e um par de coletâneas nos últimos 25 anos. A novidade Walking the Hemispheres lançado em julho passado talvez seja seu trabalho mais audacioso e provavelmente o melhor de sua longa carreira, uma vez que marca a estreia de Steph Honde, o experiente vocalista e multi-instrumentista Francês, como parte integrante do grupo. Em 2019 o Sunroad havia lançado o ótimo Heatstrokes, que figurou em nosso Top30 daquele ano, porém viu-se obrigado a cancelar diversos shows devido aos efeitos da pandemia, inclusive uma tour que fariam pelo país ao lado de Mark Boals (ex-Yngwie Malmsteen). Imersos num infindável lockdown, o grupo se concentrou na composição do novo álbum, já contando com a participação do vocalista Francês de forma remota, enquanto o mesmo se via em hiato de sua carreira solo e do Holywood Monsters, super grupo que também integra ao lado de Tim Bogert, Don Airey, Vinny Appice, entre outros.

Formação que gravou o novo álbum do Sunroad

Depois de Paul Di'anno, Mike Vescera, Jeff Scott Soto e Fabio Leone, agora é a vez de Steph Honde ser a voz internacional de um grupo formado por músicos Brasileiros em nosso país, e a escolha não poderia ter sido mais feliz. Por acaso eu já conhecia a voz de Steph Honde, visto que seu primeiro trabalho a solo teve lançamento nacional assegurado pela Musik Records, editora que fez o link do músico com a banda, para além de trabalhar o licenciamento exclusivo no Brasil de grupos como Pride of Lions, Kee of Hearts, Dreamtide, e claro, o Sunroad também! Em Covering The Monsters (2017), Steph Honde já mostrava seu talento e versatilidade interpretando grandes clássicos do Hard'n'Heavy, de Danzig a Bruce Dickinson, de Ian Astbury a Rob Halford, e de Axl Rose a Ian Gillan. No entanto, ouvindo com atenção ao seu trabalho com o Sunroad, nota-se uma voz bem mais aveludada, experiente, tendendo muito para o estilo de David Coverdale, mas sem nunca o imitar descaradamente. Para além disso, o cantor toca teclados (Hammond) dando aquele feeling clássico de bandas como Uriah Heep e Deep Purple em algumas músicas, e também participa com sua guitarra na faixa bonus Try Me, um cover da banda UFO.

Steph Honde

O álbum abre com a faixa título cujo andamento e refrão me fez lembrar um mix de Scorpions com Rainbow/Deep Purple da fase com Richie Blackmore, um grande tema para aquecimento dos músicos na abertura de um show. Os temas seguintes são mais cadenciados, onde a voz semi-rouca de Steph Honde começa a se destacar mais, trazendo à lembrança os trabalhos mais recentes do Whitesnake, em especial na balada Written in the Mist. Na sequência temos The Mess and Its Key que tem um efeito parecido com a faixa título da abertura, trazendo de volta um ritmo mais acelerado, sem nunca descurar do aspecto melódico. Os dois temas seguintes estão um pouco abaixo dos restantes, sendo Halo of Hearts o que se destaca pela negativa, com uns arranjos de teclado 'anos 80' que na minha opinião não combinam muito com a sonoridade atual do Sunroad. Para compensar o deslize, o álbum fecha de forma mais vigorosa com Detached Picture of Venus, com certeza o tema mais 'metálico' do álbum, antes da derradeira balada Try Me, uma versão sentida ao piano, que originalmente integrou o clássico Lights Out do UFO.


No geral, um álbum muito bom em termos de hard and heavy nacional, bem produzido e executado, mostrando que as parcerias remotas e internacionais são mais que bem vindas nos dias de hoje. Para finalizar uma nota importante visto que houveram algumas mudanças recentes na formação. JP Costa agora é o novo vocalista, ao lado de Steph Honde, substituindo o guitarrista/vocalista Warley Oliveira, que por sua vez já havia substituído o guitarrista Neto Mello após as gravações do novo álbum, assim como  Mayck Vieira (guitarra/baixo) que deu lugar ao baixista Akasio Angels. Fred Mika na bateria e Van Alexandre nas guitarras completam a formação. O renovado quinteto se prepara para pegar a estrada em 2022 ao lado dos também veteranos Dr. Sin. Agora resta saber se o francês irá encarar uma temporada de shows em território tupiniquim, ou se a entrada de JP é já a contar com sua futura ausência. A ver vamos...

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