Em meados dos anos 80 quando o heavy metal começou a fervilhar no Brasil (pós Rock In Rio I), não havia quem não se empolgasse com a nova vaga de bandas despontando nos EUA. Com uma sonoridade mais rápida, agressiva e repleta de riffs acutilantes destacaram-se Slayer, Megadeth e Metallica, para além é claro do Anthrax, completando assim o seleto grupo que passaria a ser lembrado como o big 4 do thrash metal. O destino de Neil Turbin teria sido completamente diferente caso não tivesse sido despedido do Anthrax tão prematuramente. O vocalista norte-americano gravou apenas o álbum Fistful of Metal (1984), do qual foi responsável pelas letras e grande parte das músicas. Sua contribuição foi tão grande para o Anthrax, que algumas de suas composições foram parar no EP Armed and Dangerous e no segundo álbum Spreading the Disease, ambos lançados em 1985, e já contando com seu substituto Joey Belladona. Embora nunca tenha ficado muito clara as razões por trás de seu desligamento, a verdade é que o Anthrax cresceu muito após assinarem com uma major (Atlantic) e Neil Turbin caiu no esquecimento por mais de uma década. Em 2001 ressurgiu com um novo projeto, o Deathriders, mas só veio a lançar material inédito dois anos depois com seu primeiro e único disco a solo Threatcon Delta (2003), ainda que sem grande repercussão. O anúncio da primeira tour em território nacional em comemoração aos 40 anos de Fistful of Metal, pegou muita gente de surpresa, inclusive eu que pouco ou nada sabia de seu paradeiro nos últimos 20 anos. Movido pelo saudosismo, fiz questão de testemunhar o evento que ainda contava com outras 5 bandas nacionais na abertura, entre elas o Azul Limão, uma de minha favoritas dos anos 80. Vale lembrar que no dia anterior houve a sétima edição do Monsters of Rock, e no mesmo dia haveria não muito longe dali um show conjunto com outras duas lendas do rock, Udo Dirkschneider (ex-Accept) e Tim 'Ripper' Owens (ex-Judas Priest). Ainda assim um bom público encheu o Jai Club na Vila Mariana, fato que seria louvado pelo vocalista durante sua apresentação.
Alason Roar, vocal do Vingança Suprema |
Diogo Moreschi, vocalista do Warsickness |
O SELVAGERIA é um grupo que eu conheço relativamente bem, muito embora nunca os tivesse assistido ao vivo em seus 18 anos de carreira. Há 5 anos tive a oportunidade de entrevistar os irmãos Toloza para a rúbrica Bastardos do Brasil, transmitida pela Marcoense FM de Portugal. Até então só conhecia a demo Metal Invasor (2005), porém fui presenteado pela dupla com o álbum homônimo de 2009 e o segundo álbum Ataque Selvagem de 2017, ambos em CD. Sua sonoridade speed/thrash é uma viagem nostálgica a meados dos anos 80 quando surgiram no Brasil bandas como Taurus, Anthares e Korzus cantando em Português. O grupo ficou reduzido a trio com a saída do vocalista Gustavo (atualmente no Trovão), tendo o baterista Danilo Toloza assumido as vozes. Quando subiram ao palco destilando o tema Metal Invasor ficou claro que mesmo sem um frontman, pouco ou nada havia mudado. Danilo consegue reproduzir os característicos agudos sem prejudicar sua performance na bateria, segurando bem a cozinha com seu irmão Tomás, enquanto César Capi destila riffs endiabrados como se possuído pelo finado Jeff Hanneman (Slayer). Por esta altura o público já era muito bom e participativo, cantando novos hinos como Selvageria, Cavaleiro da Morte, Legião Invencível, e bangueando com clássicos como Cinzas Da Inquisição, Águias Assassinas e Hino do Mal, esta última pondo um ponto final em sua ótima apresentação. O Selvageria é um grupo fiel a sua proposta retrô, e não decepciona quem curte o gênero. Aliás, se você é fã mesmo, corra pois o primeiro álbum foi relançado em vinil pela editora sueca I Hate Records (edição limitada a 400 cópias) em fevereiro deste ano. Uma ótima oportunidade de adquirir esta pérola do metal nacional.
Renato Massa (voz) e Marcos Dantas (guitarra) do Azul Limão |
Fernando Xavier, vocalista do Hammathaz |
Neil Turbin, ex-Anthrax |
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