Saiba como foi o Clutch ao vivo em SP!

By Guzz69 - julho 21, 2024

Pontualmente às 21:30 o palco já exibia o logotipo do CLUTCH. As caixas começaram a rolar We Need Some Money do genial Chuck Brown & The Soul Searches. A escolha deste som foi perfeita para esquentar e anunciar todo groove, feeling e peso que a noite teria. Antes mesmo da música acabar já entravam no palco o preciso JP Gaster (bateria), o harmônico Dan Maines (baixo) e seu lindo Rickenbacker, o dono dos riffs fantásticos Tim Sult e sua linda SG azul claro com escudo branco e o talentoso e carismático Neil Fallon (vocal, gaita, guitarra) que só de pisar no palco já foi ovacionado e muito bem recebido pelo público presente que a esta altura enchia o Fabrique Club. Esse quarteto de Maryland se mantém íntegro e coeso desde o início da banda. Coisa rara de ver e que certamente marca o bom resultado de entrosamento e criatividade que o Clutch possui. The Mob Goes Wild abre o set com toda empolgação que é marca registrada da banda. Na sequência Earth Rocker, na levada mais stoner, A Shogun Named Marcus e Sucker for the Witch já mostram toda presença que essa banda tem no palco. D.C. Sound Attack!, Escape from the Prison Planet e Spacegrass foi a trinca que já não deixava ninguém parado no Fabrique. O Clutch não é tão conhecido no Brasil, mas está sempre presente nos grandes festivais pelo mundo. Assisti-los em uma casa menor foi um grande privilégio para os presentes. Binge Purge, A Quick Death in Texas continuaram a esquentar a quinta-feira de inverno. O Clutch é uma banda que não merece rótulos, são autenticamente energéticos, há um tempero country a la ZZ Top, enraizados no blues, riffs e peso Sabbathianos, mas é um rock’n’roll inspirado no groove dos anos 70, com excelentes e empolgantes refrões. Então, a mais esperada da noite; X-Ray Visions do incrível álbum Psychic Warfare já serviu para apresentar a banda e conquistar ainda mais todos os presentes, aliás, ao meu lado, curtindo de montão o show estavam Paulo, Derrick e Greyson do Sepultura. Firebirds também não podia faltar e empolgou geral. A mais recente Slaughter Beach, We Strive for Excellence e The Regulator pareciam encerrar a brilhante apresentação. 

Clutch no Fabrique Club. Foto: Alexandre Barretti

Clutch só tem música boa. Mas claro, não podia faltar, a mais legal; Electric Worry! Mostrando toda potência vocal de Neil Fallon no seu vozeirão, entre graves e rasgados, para mim é um dos vocalistas mais interessantes da atualidade. Tudo nessa banda é bacana, a arte na capa dos álbuns, os videoclipes, os timbres, o humor, as letras e claro a performance de palco. Para fechar a noite uma bela e tradicional homenagem ao rock com Creedence Clearwater Revival e sua bela canção Fortunate Son. Achei que o setlist iria conter mais musicas do último trabalho, mas passearam bem pelos 13 álbuns já lançados, com algum destaque ao Psychic Warfare que eu acho o melhor mesmo. Senti falta de ouvir algo do ep debut Pitchfork que traz a marca da Megaforce Records, primeira gravadora do Metallica, mas até por isso, talvez o Clutch prefira mostrar o material desde que se tornaram independentes. Esse retorno do Clutch ao Brasil já era super aguardado, sobretudo, porque esse show havia sido cancelado devido a pandemia, mas continuarão sempre sendo bem recebidos e espero que retornem sempre.

Chris Peters, guitarra, citara, sintetizador e voz do Fuzz Sagrado. Foto: Alexandre Barretti

A Powerline Music & Books trouxe para abertura deste evento a banda alemã/brasileira FUZZ SAGRADO, projeto mais recente de Chris Peters (guitarra, citara, sintetizador e voz). Atualmente o Fuzz conta com o baixista Guilherme Bordin e o baterista Lucas Fursy. Muito interessante e envolvente a apresentação deste power trio aos poucos presentes e felizardos que puderam conferir o set da banda no início da noite. Percorreram músicas da banda antiga de Chris, o stoner do Samsara Blues Experiment, e a psicodelia e atmosfera dos álbuns mais recentes do Fuzz, o A New Dimension, Strange New World e o mais recente Luz e Sombra. O som dos caras remete muito ao Hendrix com pitadas de Sabbath e tempero psicodélico. Alguns momentos mais blueseiros me lembraram até o Grateful Dead. Chris é um simpático bom criador, guitarrista que conquista com suas frases na bela Fender Strato, mas falta empolgação como vocalista. Cumpre bem o papel no palco, mas não chega emocionar no vocal. Guilherme Bordin mostra uma brilhante performance de baixo. Houve alguns problemas no ampli de baixo, o que Chris chamou de “gambiarra brasileira” no seu português repleto de sotaques, mas mesmo assim, o baixo é presente e destaca no som do trio. Guilherme me lembrou Geezer Butler do Sabbath e Nelson Brito do Golpe de Estado, e tem muita personalidade em suas frases e harmonias. Como Chris mesmo disse no palco no seu português de quem já viveu no pais alguns anos. “Nos deram apenas 45 minutos para tocar nessa noite, mas é muito importante e gratificante para mim estar aqui tocando para vocês hoje.” Longa vida ao Fuzz Sagrado que certamente teria muito mais para mostrar com mais potência de som e maior tempo de apresentação.

Texto e Fotos por Alexandre Barretti

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