terça-feira, 5 de junho de 2018

Steve Grimmett's Grim Reaper 01/06/18 Mineiro Bar - Pt.1


No último sábado, tive o prazer de presenciar pela primeira vez a um show do GRIM REAPER, clássica banda da NWOBHM cuja reputação alcançada na primeira metade dos anos 80 vem sendo mantida por seu ex-vocalista Steve Grimmett, o único remanescente após o fim de atividades em 1988. Reativado quase 20 anos depois com músicos de sua carreira a solo, fazem aparições pontuais em festivais europeus e se mantém ativos desde então, agora rebatizados de Steve Grimmett's Grim Reaper por questões contratuais. Apesar de todas as adversidades que o músico enfrentou nos últimos anos, nomeadamente os recentes problemas de saúde (diabetes) que levou à amputação de parte de sua perna direita, Steve mostrou mais uma vez ao público brasileiro toda a sua simpatia, talento e resiliência em prol do heavy metal. Vale lembrar que o incidente seguido de internação no Equador, ocorreu logo após sua última passagem no Brasil durante a tour do álbum "Walking in the Shadows" em 2017. Por isso a expectativa era grande para este regresso em 2018, desta feita em tour comemorativa aos 35 anos do lançamento de "See You In Hell", o clássico debut do Grim Reaper. No entanto, o show do músico inglês esteve para ser cancelado novamente, e desta vez por motivos completamente alheios ao músico/banda, e isso a poucos minutos de pisar em palco. Voltemos então ao início da noite do dia 1 de Junho, para entender o que aconteceu...

Steve Grimmett
Cheguei cedo ao Mineiro Rock Bar em Osasco, e reparei em algumas melhorias estruturais no local desde a última vez que lá estive, precisamente no show do Asomvel há dois meses atrás. Banheiros novos, iluminação renovada, bom equipamento em palco, e técnico de som super profissional. Também havia um espaço para venda de merchandising e cd's, e aproveitei a oportunidade para comprar um par deles a bom preço. Por volta das 21h a primeira banda da noite ainda se encontrava em palco passando o som, e naquele momento achei que o volume estava muito alto, principalmente tendo em conta que não havia muito público presente no recinto. Enfim, pouco depois os músicos do SENTENCIADOR regressam ao palco, e desta vez prontos para o show. Ou talvez não... O fato é que ao final de algumas músicas um tanto quanto improvisadas e com alguns deslizes pelo meio, o frontman Silvio (baixo/voz) informa ao público que o guitarrista da banda não pôde comparecer por motivos de força maior, e no lugar dele estavam dois músicos "quebrando o galho". Apesar da qualidade da dupla de guitarristas emprestada, o conjunto apresentou alguns problemas de coesão, mas no geral até foi uma boa apresentação de heavy metal com algum speed/thrash cru a mistura. Para além de músicas próprias, ora cantadas em inglês ora em português, o grupo paulista também tocou dois covers, "Tormentor" do Kreator e "Mundo em Alerta" do Taurus, bons exemplos de suas influências musicais. O baixista/vocalista também conhecido como Silvio Manowar, tem ótima presença em palco, carisma, e segura bem o fardo. Só precisa conter um pouco a empolgação na comunicação com o público para não quebrar muito o ritmo do show.

Sentenciador
Na sequência subiu ao palco o ÁLCOOL, banda que também faz um retro speed/thrash metal de inspiração oitentista, e que vem causando um burburinho na cena underground. O quarteto paulista segue a mesma linha musical e lírica que o Selvageria, banda conterrânea que entrevistamos para o Bastardos do Brasil em janeiro passado, sendo a principal diferença os vocais mais rasgados e agressivos, e as guitarras mais melodiosas e com solos mais trabalhados. A despeito do cuidado visual, em palco o Álcool não está para brincadeira, e destila (literalmente) seu som nervoso e invariavelmente desenfreado. O quarteto baseou o setlist no EP "Selvagens da Noite" de 2016, e conseguiu colocar o público pra agitar durante toda a apresentação. O guitarrista Igor Senna era o centro das atenções, sempre com ótima presença de palco e esbanjando técnica nos solos também. No geral o grupo foi bem e esteve a altura das expectativas. O público que já preenchia o local em bom número, gostou e aplaudiu a apresentação. É sempre bom ver sangue novo na área, eles ainda são bem jovens e cheios de energia, e tudo indica que tem um futuro promissor pela frente.

Álcool
A próxima banda a subir ao palco foi o TENEBRARIO, quarteto liderado pelo baixista/vocalista Alexdog, e que logo aos primeiros acordes de "Like No Other" já impressionava com riffs hiper pesados e cadenciados. Ativo desde 1997, o grupo faz um som calcado num heavy/doom tradicional que nos remete ao universo de bandas como Manilla Road, Trouble e Saint Vitus, uma sonoridade bem diferente das duas banda anteriores, mas que foi muito bem recebida hipnotizando os presentes. O grupo tem dois álbuns editados, e lançou este ano o EP "The Silence of the Ancient Souls", no qual trazem duas novas canções e duas releituras, uma de cada longa lançado. Músicas longas, bem trabalhadas, e que ao vivo soam ainda mais pesadas do que em disco. Já passava da meia noite quando o grupo interrompe a apresentação a pedido dos organizadores do evento. Enquanto o vocalista pedia paciência ao público por causa de uma "confusão" na porta do bar relacionada a carros mal estacionados, tudo indicava que o show seria restabelecido. Com a banda ainda em palco, Alex aproveita para apresentar com orgulho seus integrantes, afinal poucos músicos têm o prazer (e a sorte) de contar com o filho mais velho na guitarra (Kaue Assis) e o filho mais novo na bateria (Waine Assis). Com meia hora de interrupção, já se sabia que a policia civil e militar estava presente para encerrar o show devido a uma denúncia anônima. Apesar dos esforços do dono do bar e dos representantes da organização do evento em negociar um tempo extra para a apresentação da atração internacional, não houve acordo com os agentes da policia, e o show teve que ser adiado para o dia seguinte. Por esta altura, o público incrédulo com o ocorrido, começou a deixar o recinto de forma pacífica apesar da frustrante situação. Lamentável!

Tenebrario

[continua]

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