Acompanho o trabalho do guitarrista Marty Friedman desde os tempos do Vixen/Hawaii no início da dácada de 80, porém foi com o projeto Cacophony (ao lado de Jason Becker) que começei realmente a apreciar seu estilo de tocar. Depois disso manteve-se ocupado durante toda a década de 90 como integrante fixo do Megadeth. No entanto, ainda antes da fama que alcançaria ao lado de Dave Mustaine, lança Dragon's Kiss, o excelente debut em carreira a solo. De lá para cá foram 12 álbuns de originais, sendo Wall of Sound o mais recente editado em Agosto passado. O single de avanço foi Self Polution, justamente a faixa que abre o álbum, um tema instrumental bem trampado, intenso, e rápido no início e no fim, com parte da música pelo meio em jeito de balada clássica com os habituais solos de guitarras, sempre melodiosos e hiper sentimentais.
Aos 55 anos de idade, Marty Friedman já não precisa provar nada a ninguém. Suas novas composições não deixam dúvidas de seu enorme talento musical, principalmente quando explora fusões rítmicas. O tema Whiteworm é um ótimo exemplo, hiper pesado (que som matador de guitarra!) e repleto de mudanças rítmicas e variações melódicas.
Há muitos anos a viver no Japão, Marty casa-se com a violoncelista japonesa Hiyori Okuda em 2012. Por lá desenvolveu carreira a solo, produziu outros artistas, montou sua própria editora, e como não poderia deixar de ser, absorveu muita da cultura japonesa também, o que ficou patente em álbuns como o Scenes de 92. No entanto em Wall of Sound isso é quase inexistente, estando muito mais próximo musicalmente do ótimo Inferno de 2014. Os convidados especiais não abundam desta vez, mas potencializaram canções como Sorrow and Madness com Jinxx (Black Veil Brides) nos violinos, Pussy Ghost (black metal?!) com Shiv Mehra do Defheaven nas guitarras extra, e finalmente Something to Fight com Jørgen Munkeby (Shining) nas vozes. Este último inclusive, o único tema cantado neste disco, e tem até solo de saxofone! E que porrada! Me fez lembrar algo dos projetos de Devin Townsend. Apesar dos momentos pesados abundarem, há espaço é claro para temas como Miracle, uma doce balada neoclássica.
É sempre bom poder acompanhar a produtividade criativa de um músico durante décadas. E Marty Friedman é um daqueles que valeu muito a pena ter por perto. É sempre boa música, se reinventando a cada álbum, a cada etapa de vida superada. Sem dúvidas, um dos melhores discos instrumentais que eu ouvi em 2017.
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