quinta-feira, 23 de março de 2023

Sonata Arctica 18/03/23 Audio

25th Anniversary Tour
Sonata Arctica finalmente de volta ao Brasil! 

A espera foi grande por parte dos fãs do SONATA ARCTICA, afinal há 3 anos que este show vinha sendo adiado devido a Pandemia. A última remarcação aconteceu no ano passado, quando alguns integrantes da banda pegaram Covid e não puderam viajar. Nesse meio tempo o quinteto Finlandês se reinventou em formato acústico, através de uma série de transmissões ao vivo pela internet, gerando não só uma bem sucedida tour acústica em seu País natal, como também dois volumes de Acoustic Adventures onde revisitaram seu repertório em releituras acústicas, ambos lançados em formato físico no ano passado. Confesso que fiquei na dúvida se este seria o formato (acústico) adotado para o regresso ao Brasil, mas não, nesta tour comemorativa de seus 25 anos de carreira, o grupo trouxe a sua melhor versão ‘amplificada’ para percorrer os maiores sucessos incluídos em seus 10 álbuns de estúdio lançados entre 1999 e 2019.


Audio lotou para assistir o Sonata Arctica
A Audio é uma ótima sala de espetáculos, localizada na Avenida Matarazzo (zona Oeste de São Paulo), com capacidade para 3000 espectadores, e em geral atende a um público mais ‘abonado’ financeiramente. A última vez que estive por lá foi num mini festival encabeçado pelo Kreator (uma exceção a regra), mas em geral é uma sala requisitada para shows de artistas mainstream. Um reflexo disso são os preços do estacionamento em seu entorno, de 50 reais pra cima dependendo do horário. Enfim, com o carro devidamente estacionado, adentrei ao espaço já com uns 80% de sua capacidade preenchida, ainda a tempo de ver em palco o incontornável Pompeu (líder e vocalista do Korzus) anunciando a banda de abertura, um grupo formado por músicos Brasileiros que vivem fora do País. Subi para o mezanino que estava menos abarrotado, em busca de um bom local para fotografar, e dou de caras com o vocalista da minha primeira banda de metal dos anos 80, que conversava com Eric de Hass, o produtor de shows responsável pela invasão finlandesa na América Latina. Agradável coincidência que raramente acontece assim sem nada combinado.


Firewing
Firewing
Eu já havia tirado umas quantas fotos quando finalmente o som debitado em palco começou a melhorar, até então a bateria encobria os demais instrumentos durante o inicio da primeira música. Em palco estavam apenas 4 dos 5 músicos que compõem o grupo, o vocalista Jota Fortinho, o guitarrista Caio Kehyayan, e a cozinha norte-americana composta por Chris Dovas (bateria) e Peter de Reyna (baixo). Desconhecia até então o trabalho do FIREWING, mas o grupo pratica um heavy metal melódico de qualidade, com tendências sinfônicas e progressivas, e que em alguns momentos até explora elementos de música extrema. Talvez este último ainda seja o calcanhar de Aquiles do grupo, pois mesmo tentando inovar num gênero super inflado de bandas similares, incluir blast-beats em seu power metal de cariz melódico não me parece ser uma boa idéia (ouça Demons of Society por exemplo). No entanto, o público presente parecia conhecer bem seu repertório, ainda que o mesmo se resuma ao álbum de estreia Ressurection, lançado pela Universal Music em 2021. Talvez a novidade mesmo tenha sido a presença do novo vocalista Jota Fortinho e a ausência do guitarrista Bruno Oliveira. Jota saiu-se muito bem no lugar do ótimo Airton Araujo (Age of Artemis) e sua presença em palco me fez lembrar Bruce Dickinson na interação com o público, sem nunca descuidar da parte vocal. Houve pelo meio um outro problema técnico, desta vez com a guitarra de Caio, mas o grupo continuou sua apresentação sem se abalar até que o mesmo estivesse resolvido. Fato que por si só mostra o grau de profissionalismo dos músicos envolvidos. Uma banda multinacional com grande potencial de evolução, principalmente quando forem capazes de reproduzir ao vivo sua faceta mais sinfônica e orquestral. Para esta noite tivemos uma versão mais direta e enxuta do grupo, o que foi no mínimo bom e convincente.


Tony Kakko
Tony Kakko, a voz do Sonata Arctica
Hoje em dia os shows de heavy metal estão tão profissionais que raramente se pode testemunhar algo inesperado ou surpreendente entre um show e outro de uma mesma tour. Eu entendo que seguir um cronograma é uma norma que reduz drasticamente qualquer possibilidade de atraso ou imprevisto, mas por outro lado também torna os shows iguais e sem surpresas. Foi exatamente isso que aconteceu no tão aguardado regresso do Sonata Arctica à São Paulo. Da intro Always Look on the Bright Side of Life (do grupo humorista inglês Monty Python) às duas últimas canções já no encore, seguiram exatamente o roteiro desta tour comemorativa de seus 25 anos de carreira, tocando músicas de TODOS os seus 10 álbuns de estúdio em longa duração. Os álbuns privilegiados com duas canções foram Ecliptica (1999), Silence (2001), Winterheart's Guild (2003), For the Sake of Revenge (2006) e Unia (2007), não por acaso os 5 primeiros de sua carreira, sendo também os responsáveis por consolidar seu nome como uma das maiores referências do power metal melódico Finlandês, ao lado de bandas como Stratovarius e Nightwish.


Sonata Arctica
Henrik Klingenberg (keytar) e Elias Viljanen (guitar)
O grupo entrou em palco muito aplaudido e deu início ao show a meio gás com The Wolves Die Young. Depois, o vocalista Tony Kakko agradece ao público pela paciência dos 3 longos anos de espera, e dedica o tema seguinte The Last Amazing Grays a seus pais. Com o público nas mãos, o vocalista coordena uma impressionante coreografia coletiva de braços e punhos no ar. Seguiram-se Storm The Armada e Paid in Full na mesma pegada, a meio tempo, característica de seu material mais recente. As melodias são de fato cativantes, e por vezes me fazem lembrar as do grupo germânico Scorpions. Não por acaso o público feminino presente era tão grande e participativo, afinal o power metal destes Finlandeses é bastante acessível. Depois de Sign in Silence tivemos o primeiro momento veloz da noite com a excelente Kingdom for a Heart de seu álbum de estreia, seguido pela cadenciada Celeb, outra que me lembra as típicas melodias do Scorpions, embora aqui com riffs e bends de guitarra bem mais metálicos. Empolgado com a resposta do público durante as canções, Tony Kakko fala sobre o lado 'animal' que todos nós temos, e introduz outro tema do repertório mais recente, a pesada e cativante Closer To An Animal. As músicas mais rápidas ainda são as que melhor representam a sonoridade da banda, e foi justamente o que se viu durante Black Sheep, com seus solos de orientação neoclássica, onde Henrik Klingenberg vai para frente do palco com sua keytar, num verdadeiro convite ao headbanging, a que os fãs mais old school aderiram de imediato. Para acalmar o ambiente de euforia, tocam a cadenciada Broken seguida de uma das música mais cantaroláveis de seu repertório, I Have a Right, num verdadeiro hino contra a opressão psicológica.

Tony Kakko e o baixista Pasi Kauppinen
Já na reta final da apresentação, Tony pede permissão para sentar e começa cantarolar Tallulah com piano ao fundo em jeito de balada romântica, mostrando mais uma vez que o grupo absorveu bem a picada do escorpião alemão. Engatam de seguida FullMoon, talvez o maior hit comercial de sua carreira, com o público cantarolando as letras e respondendo com força "Runaway, Runaway, Runaway" no refrão. Ao fim da música, se despedem e deixam o palco ovacionados. O público não arreda pé e grita "Re-pli-ca! Re-pli-ca! Re-pli-ca!", pois sabem que a banda voltaria para o encore. Momentos depois o quinteto regressa ao palco, e Tony Kakko dá um cheirinho do pedido do público (Replica não estava no cronograma!) e promete que será incluída no setlist quando regressarem ao País no próximo ano. Num dos poucos momentos inusitados do concerto, baixa um Fred Mercury no Tony Kakko, que faz uma brincadeira onde a platéia responde seus desafios vocais em uníssono. Destilam então as velozes The Cage e Don't Say a Word encerrando a apresentação de forma mais metálica e convincente. Vale lembrar que entre as duas músicas, Tony Kakko informa que as gravações do novo álbum estão bem avançadas, e que as novas músicas seguirão essa linha mais veloz que caracterizou seus primeiros trabalhos. Os cinco músicos deixam então seus instrumentos e se dirigem à frente do palco para agradecer ao público, e tirar aquela tradicional foto com o fãs por trás. Ainda houve tempo para o extrovertido baterista Tommy Portimo (único integrante da formação original para além do vocalista) brincar com a platéia buscando o lado da sala que gritasse mais alto para ganhar o arremesso de suas baquetas. Enfim, foi uma celebração do heavy metal nórdico bonita de se testemunhar em território tropical. Também foi gratificante observar a diversidade do público presente, com muitos jovens curtindo o show ao lado de seus pais. Sim, o metal continua se renovando e inspirando novas gerações. Aleluia!

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