sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

Dead Blonde Stars - Metamorphosis (2023, Independente)


De vez em quando ainda recebo um ou outro contato direto e informal solicitando resenha, mas é raro. Fico feliz de ver que ainda há músicos, bandas e seus representantes diretos, que procuram a imprensa underground em busca daquele primeiro feedback sobre um novo lançamento. Não tem coisa mais chata do que ser colocado numa mailing list fria e genérica sem ser solicitado (spam). Neste caso específico, o contato veio também por email, mas com uma abordagem mais light e convidativa. O remetente é alguém próximo do grupo DEADBLONDESTARS, um quinteto de rock alternativo oriundo de Sheffield no Reino Unido. O álbum Metalmorphosis é o sucessor da estreia homônima em longa duração lançada em 2020, e que promete surpreender os fãs de duas das mais pesadas bandas da cena grunge de Seattle dos anos 90, e em especial àqueles que choram até hoje as prematuras mortes de Layne Staley e Chris Cornell. Para o efeito, abdicaram da gravadora Rockmos e seguiram em frente de forma independente com o novo trabalho, já disponibilizado em seu Bandcamp bem como em CD, no passado dia 3 de Fevereiro. A cópia digital com EPK eu já havia recebido no início de Janeiro, e após poucas audições garantiu destaque imediato em meu TOP daquele mês. Mas e aí? Vale a pena conhecer o som dos caras, ou se trata apenas de mais um insípido clone?

DeadBlondeStars

Aos primeiros acordes de 11 Teeth, a faixa de abertura de Metamorphosis, já ficamos com a ideia de que estamos diante de mais uma banda inspirada no rock (pesado) alternativo norte-americano. No entanto, o timbre do vocalista Gary Walker começa a chamar atenção, dando pistas de um registro estranhamente familiar. Em This Tree, aquela vaga impressão começa a se tornar cada vez mais forte. Estaríamos diante de um clone do saudoso Chris Cornell? Um irmão bastardo da Inglaterra? Sim, o quinteto DeadBlondeStars não esconde a influência de Soundgarden em sua música (bem como Alice in Chains, Pearl Jam e Stone Temple Pilots), porém eles conseguem dar continuidade à sonoridade dessa geração com muita personalidade. Na dobradinha seguinte, Worlds Apart e Alaska, as coisas ficam um pouco mais escandalosas, com tamanha similaridade aos riffs típicos de Alice in Chains. No entanto, há que realçar que as composições são muito bem estruturadas e executadas por todos os músicos. Elas seguem claramente uma linha própria, e se esquivam com inteligência de qualquer acusação de plágio. A cada tema do alinhamento, as interpretações vocais de Gary vão ficando cada vez mais próximas das que Chris Cornell nos habituou, afinal não se trata apenas do timbre parecido, mas sim de cada nuance vocal, nos  gritos contidos ou a pleno pulmões, nos falsetes curtos e melodiosos, ou nos registros mais roucos e mais arranhados também. O álbum se mantém homogêneo e interessante ao longo das 12 canções, porém não tem como não destacar Hernan, talvez a mais bem conseguida desse mash-up "Alice in Garden", cativante que baste, misturando sensações de angustia e redenção, para mim um dos pontos altos do álbum. Completam a formação Tom Gratton e Oliver Thompson nas guitarras, Matt Simons no baixo e Jamie Machon na bateria. Um grupo e álbum perfeitos para mostrar às novas gerações do rock que o melhor da herança grunge continua viva na atualidade, e recomenda-se.

Confira no player abaixo e tire suas próprias conclusões!

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