Graular é um quinteto norueguês que me chamou a atenção dentre os inúmeros lançamentos do ano passado. Ashes é o seu primeiro lançamento oficial, um EP de 4 temas, que lhes garantiu contrato e relançamento pela Wormholedeath Records em Novembro do ano passado. O grupo surgiu em 2017 na capital Oslo, inspirado em bandas da nova geração do prog metal como Tesseract e Haken, e principalmente pelos Australianos Caligula's Horse. Graular ganhou rapidamente a atenção local, demonstrando criatividade e potencial para se destacar dentro do gênero, e quem sabe trilhar o caminho já estabelecido por seus conterrâneos Leprous.
O primeiro single que recebi foi Collide, e que curiosamente encerra este EP. Aqui temos as guitarras em destaque, conduzindo a linha melódica através de dedilhados e riffs em crescendo, criando o clima perfeito para um refrão cadenciado e super emotivo, onde o vocalista Lyth Bendik Hole se destaca com pontuados 'gritos' angustiados e bem colocados, sem exageros mas como muita emoção, numa autêntica colisão de harmonias (parafraseando a letra da música). Algumas partes deste tema me fizeram lembrar Tool, o que só abona em favor do grupo. O conceito lírico aqui é um pouco subjetivo, e trata da fé e confiança que são postas a prova pela traição. Confira o playthrough de estúdio do tema em questão no video abaixo.
O segundo single que recebi foi Dark Triad, a terceira faixa do alinhamento do EP. Introduzida desta vez por piano e voz, o tema vai ganhando ritmo e intensidade, sempre pautado pelo ótimo instrumental e melodias envolventes. As acentuações rítmicas saltam logo às vistas (leia-se ouvidos), assim como a sensibilidade nas harmonias vocais. O tema trata do narcisismo, ódio e maldade, características da suposta tríade que impede a raça humana de alcançar paz e harmonia. A música é construída em diferentes dinâmicas até seu ápice, com destaque para o trabalho da ótima dupla de guitarristas. Confira o tema no vídeo abaixo.
Voltando agora para os dois temas que abrem o EP, temos a faixa título Ashes que trata da guerra e morte em massa, resultando na inevitável destruição do planeta, e Spitfire que segue a mesma linha lírica, reforçando a ideia de falta de confiança em nossos líderes políticos e uma total desesperança na humanidade. Toda essa insatisfação poderia se traduzir em puro pessimismo, porém musicalmente o grupo nos alenta a alma com suas cativantes melodias e andamentos semi-hipnóticos, mostrando um grande domínio de execução que lhes permite passar uma mensagem importante através de suas letras, o que se traduz num alerta para uma inevitável aniquilação. Em pontuais ápices de agressividade, o grupo faz o seu melhor para que o ouvinte se liberte das vendas, enxergue a realidade e lute por sua sobrevivência.
São apenas 4 músicas que compõem o EP Ashes, onde o grupo explora diversas dinâmicas instrumentais com vocais bem colocados e harmoniosos em todas as composições. Em suma, estamos diante de um grupo que apesar de jovem, mostra uma maturidade impressionante, abordando temas importantes e passando a sua mensagem de forma efetiva. O Graular é sem dúvidas mais um ótimo grupo para ficar de olho nos próximos tempos, especialmente para quem gosta de rock/metal moderno de contornos progressivos.
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