domingo, 19 de setembro de 2021

Kiko Shred - Rebellion (2021, Heavy Metal Rock)


O novo milênio trouxe um novo fenômeno em termos de shows de artistas internacionais no Brasil, com promotores contratando músicos brasileiros para fazerem parte das bandas de suporte em apresentações especiais e até pequenas tours de renomados vocalistas do hard'n'heavy mundial. Uma estratégia econômica que para além de viabilizar shows na América Latina, ajudou a captapultar a carreira de diversos músicos nacionais. Um dos casos mais antigos que me vêm à memória, é o do Paul Di'anno, o eterno ex-vocalista do Iron Maiden, que fez muitos shows por aqui e até lançou o álbum Nomad com Paulo Turin, Chico Dehira, Felipe Andreoli e Aquiles Priester em 2000. Em sua última tour no Brasil em 2015, Di'anno contou com Vinnie Tex, Thiago Velasquez e Braulio Drumond, músicos cariocas que hoje integram a banda da cantora Leather Leone (ex-Chastain). Aliás, o projeto Leather conta ainda com o guitarrista Marcel Ross que gravou II, o segundo álbum a solo da cantora norte-americana, e que também rendeu shows no Brasil em 2019. Outro caso que me vêm à mente é o do cantor Jeff Scott Soto (ex-Yngwie Malmsteen), que depois de tantos shows no Brasil com os músicos da banda brasileira Tempestt, acabou montando o grupo S.O.T.O. com dois deles, BJ e Edu Colminato. Mas houve muitos outros casos que deram frutos, como a parceria de Michael Vescera (ex-Loudness) com o Dr. Sin, e mais recentemente das tours de Tim Ripper Owens (ex-Judas Priest), e Blaze Bayley (ex-Iron Maiden) no Brasil. Teve ainda duas edições do projeto Metal Singers, que para além de Owens e Bayley, contou também com Mike Vescera, Udo Dirkschneider, Doogie White e André Matos. E o que há de comum em todos esses shows? O guitarrista Kiko Shred e a seção ritmica formada por Will Costa e Lucas Tagliari, não por acaso, músicos que acompanham Kiko em sua carreira a solo.

Kiko Shred's Rebellion
Com um currículo de respeito firmado nos palcos, e com quatro álbuns de estúdio lançados nos últimos 6 anos - Riding the Storm (2015), The Stride (2017), Royal Art (2019) e a novidade Rebellion (2021) - o jovem guitarrista de Americana/SP vem se firmando como um dos melhores guitarristas 'virtuosos' do Brasil. A evolução é notória, desde seu primeiro trabalho a solo (totalmente instrumental), passando por dois discos semi-instrumentais (Mike Vescera e Sergio Faga cantaram no segundo, Mario Pastore no terceiro), e finalmente com este último que é, até o momento, seu trabalho mais bem produzido, equilibrado, e coeso enquanto banda. Ed Galdin é o vocalista da vez, e assegura 6 das 10 das faixas do álbum de forma exemplar, com um estilo de voz na linha Angra/Helloween, que se encaixa perfeitamente nas composições power metal melódico de orientação neo-clássica que Kiko tão bem compoe e executa, tais como Mirror, Rainbow After The Storm e Information War. Pela primeira vez os temas instrumentais estão em minoria, e para além da intro, temos as excelentes Mors Non Separabit e The Hierophant, ambas bem estruturadas e repletas de solos de guitarra, é claro. As outras 3 faixas cantadas por Galdin são mais lentas, compassadas, numa linha mais hard'n'heavy, ainda assim dinâmicas, bem trabalhadas, e com um registro vocal convincente. Entre elas destaco Honour to the Fallen Brothers que conta com uma ótima levada e riffs contagiantes. O convidado especial no álbum é o vocalista escocês Doogie White (ex-Rainbow, Michael Schenker), com quem já haviam partilhado palco na tour Metal Singers, e o resultado da parceria se ouve na ótima semi-balada pesada Thorn Across My Heart. Para além da edição nacional em CD pela Heavy Metal Rock Records, o álbum também ganhou distribuição internacional pelo selo alemão Pure Steel Records. Em condições normais (extra-pandemia) este novo patamar de qualidade alcançado com Rebellion, fatalmente proporcionaria a Kiko e seus aceclas, a tão sonhada viagem ao outro lado do Atlântico (quiça até o Japão), pois repertório, talento, e experiência não falta ao quarteto recém rebatizado Kiko Shred's Rebellion. Só nos resta desejar sorte, sucesso, e a volta aos shows em 2022.



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