No início de Outubro estive presente na primeira edição da Horror Expo no Brasil, realizada no parque do Anhembi em São Paulo, e para além dos shows que assisti por lá, os quais divulguei no último update de nossa 'Agenda Viva', pude também encontrar diversos músicos e personalidades do cenário underground nacional. Um desses encontros foi com Vitor Muñoz, baixista do Spectrus, grupo que recentemente divulgamos em nosso canal no youtube através de entrevista e vídeo reação. O multi-instrumentista estava acompanhado de Thiago Gasulla, o mentor do projeto acústico de dark folk Mooncorpse, e cujo debut In The Mouth of Madness havia sido produzido por Vitor Muñoz. Munido apenas de algumas informações gerais, e em posse de um exemplar em digipack com uma bela arte assinada por Rafael Tavares, decidi dedicar algum tempo de audição a este trabalho para uma futura resenha. Confesso que quase desisti de publicar este texto quando descobri que o álbum em questão é do ano passado, e que o projeto já lançou um novo EP Ancient Doom, e também King of the Damned, seu segundo full length, ambos em 2019. Não curto resenhar álbuns em retrospectiva, quando o artista já lançou novos trabalhos, mesmo assim decidi ir adiante visto que se trata de um debut produzido de forma independente, e num gênero pouco comum de ser ver por "terra brasilis". A tonalidade do álbum é obscura, com letras inspiradas no universo de fantasia e horror, e que versam sobre a morte. O ouvinte que avaliar somente pela capa e títulos das músicas poderá achar que se trata de uma banda de black metal, o que está longe de ser o caso. Os ritmos são em geral cadenciados, com as guitarras acústicas e a voz grave de Gasulla em lugar de destaque na mixagem. Em alguns momentos seu registro me lembrou o do finado Peter Steele, e em outros até mesmo Nick Cave. Nos sussurros e nas partes graves ele até vai bem, mas quando se empolga 'em cantar' transparece uma certa falta de experiência.
Vitor Muñoz e Thiago Gasulla |
Bom, quer dizer que não há nada que se aproveite neste debut? Não! Há algumas músicas boas como Dance With The Dead e My Witch, que poderiam ter ficado ótimas com arranjos mais interessantes. Se é pra ir na onda folk, porque não utilizar instrumentos de cordas diferenciados? Se a tonalidade é depressiva, porquê não usar um piano? Não foi por acaso que citei Nick Cave, afinal o álbum Murder Ballads é um ótimo exemplo, rico, belo, e ao mesmo tempo perturbador! O tema Mouth of Madness é um dos que poderia ter ficado melhor com um instrumental mais pesado. Misanthropy também não é mau, e me lembrou algum do material mais soft do Type O Negative. No geral In The Mouth of Madness é um trabalho apenas mediano, porém mostra potencial, principalmente por se tratar de um gênero pouco explorado no Brasil.
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