O KOMATSU, grupo de stoner metal da cidade de Eindhoven, regressou ao Brasil no mês passado para fazer sete shows pelo interior de São Paulo, dois em Santa Catarina, e um no Paraná. Na véspera da chegada a São Paulo, foi anunciado um show extra na capital, no pequeno espaço Jai Club na Vila Mariana. Eu queria muito ver esse show, afinal eles haviam acabado de lançar "A New Horizon" e o Brasil seria o primeiro País no mundo a apreciá-lo ao vivo, e na íntegra. O show aconteceria em plena terça-feira, e mesmo assim para lá me desloquei a espera de um grande show do quarteto holandês.
Mo Truijens (guitarra e voz)
Confesso que desconhecia a banda de abertura, o Dinohorse de São Paulo, praticante de um rock alternativo com influências distintas que vão do rock psicodélico ao stoner rock. O quarteto apresentou músicas de seu debut "The Whales Dip", lançado de forma independente em Junho passado, e disponível para download gratuito em sua página do bandcamp. O jovem grupo conta com uma boa cozinha rítmica, com destaque para o guitarrista Leonardo Silva, músico que consegue se impor nas canções sem recorrer demasiadamente a efeitos de guitarra ou distorção. O vocalista/guitarrista Gabriel Pettenon também foi muito bem. Sua interpretação vocal tem tanto de Chris Robinson como de Eddie Vedder, ou até mesmo de Kurt Cobain nos momentos mais rasgados. Aliás a influência grunge é notória em algumas músicas, assim como no visual do grupo. Destaques para os temas "Drowning in You" (bem construída e com bons solos) e a Zeppelinana "Take Your Boat". O público, em sua maioria composto por simpatizante do coletivo, aplaudiu bastante sua apresentação.
Os guitarristas Leonardo e Gabriel do Dinohorse
Logo depois, a sala paulistana recebeu calorosamente a principal atração da noite, e esta sem se importar com a desconcertante ausência de público, fez um show arrebatador tocando todas as músicas da novidade "A New Horizon" e ainda metade de Recipe for Murder One, seu segundo álbum em longa duração lançado em 2016. O grupo começou da melhor forma possível, com a excelente "This Ship Has Sailed" que encerra seu mais recente trabalho de estúdio. O peso mamutesco deste tema pode ser conferido na filmagem que fiz no vídeo abaixo.
Todos os músicos do Komatsu são muito bons naquilo que fazem, ou seja, na proposta stoner metal. Mesmo assim, destaco o baixista Martijn Mansvelders, muito importante na massa sonora do grupo, para além de ajudar nos vocais e agitar bastante durante o show. Outro detalhe interessante foi a apresentação de alguns temas instrumentais ("WTF?!", "Gator" e a incrível "Surfing a Landslide") no repertório ao vivo. Do setlist apresentado destaco ainda as ótimas "Recipe for Murder One" (praticamente um doom metal), e do novo álbum "Prophecy"e "Infected" (pulsantes e com ótimos refrões), "Love Screams Cruelty"(arrastada e melancólica), e finalmente a incrível canção que dá nome ao grupo, e que colocou ponto final em sua apresentação. Aliás, antes dela ainda houve tempo para um cover de "Territory" (Sepultura) que contou com a participação vocal do Gabriel do Dinohorse.
Mo Truijens e Martijn Mansvelders em ação
Sem dúvida um ótimo show do Komatsu, uma banda talentosa e humilde, que abdicou de seu day-off para tocar de forma imaculada para o pequeno público que conferiu sua performance em uma noite fria e garoenta de dia de semana. Assim que acabou o show, o baixista Martijn correu para a banquinha do merchandise. Afinal, é assim que as bandas conseguem fazer algum dinheiro nestas condições adversas. Dei aquela tietada básica, com direito a selfie com o baixista, e investi numa bela camiseta do Komatsu. Quem acompanha o grupo nas redes sociais, pode constatar a sua simplicidade, e também as boas recordações que levaram de nosso País. De fato uma banda que merecia uma maior atenção e apoio do underground. Estão no caminho certo, e o merecido sucesso há de vir.
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