O trio feminino NERVOSA fez o lançamento de seu novo trabalho "Downfall of Mankind" no espaço 555 em São Paulo, na abertura do show dos norte-americanos HAVOK. Esta foi a primeira vez que fui a um show dessas bandas, e também a este novo espaço localizado na boca do lixo, centrão de São Paulo. Fiquei bem impressionado com o local, principalmente por causa do acesso ao piso superior, pois o mesmo faculta uma ótima vista do palco em toda a sua extensão, com muito espaço e poltronas confortáveis para descansar nos intervalos dos shows. No geral, o espaço têm um Q de grã-fino, e contrasta um pouco com um espetáculo thrash metal, no entanto o público que se deslocou ao local pouco se importou com esse "detalhe", ocupados demais com a sonzeira debitada em palco, ora agitando com punhos em riste, ora "batendo cabeça" no ar, e espelhando a catarse energética do palco.
Fernando Lira - Nervosa
Quando entrei na sala, o trio Nervosa já debitava "Horrordome" em palco, mas o som estava estranho, principalmente a guitarra de Prika Amaral, e demorou pelo menos uns 10 minutos para ficar melhor equalizado. O set foi baseado na novidade "Downfall of Mankind", do qual tocaram 8 músicas intercaladas com alguns temas de seus outros 3 discos. Tecnicamente, as meninas fizeram um show impecável, e entre as músicas sempre houve tempo para introduzir a temática de cada um deles, de forma simples e invariavelmente divertida, apesar da seriedade dos mesmos. E não tem como não destacar a simpatia de pessoa que é Fernanda Lira em palco, com o seu jeitinho "fofo" de se dirigir ao público, e com seu característico sotaque caipirês. Mas não se iluda, a fofisse acaba assim que riffs infernais voltam a soar, aí a moça vira besta, cheia de caretas e poses diabólicas, tornando sua performance ainda mais memorável. Uma presença de palco ímpar (estilo Steve Harris encapetado), e de fazer inveja a muito marmanjo da cena thrash nacional.
Prika Amaral - Nervosa
O trabalho de guitarra de Prika Amaral também é digno de nota, seus riffs são acutilantes e sua prestação é imaculada. O repertório novo está mais intenso porém menos thrash, as músicas estão mais extremas, e parecem conter mais riffs death metal, e consequentemente mais blasts beats (a famosa "metranca"), quesito que a nova batera Luana Dametto parece dominar com habilidade, embora sem grandes momentos de criatividade no instrumento. O material antigo pareceu mexer mais com os presentes, tais como "Death" do álbum Victim of Yourself, ou "Intolerance Means War" do álbum Agony, mas é preciso dar tempo ao tempo, para que o novo material seja melhor digerido pelo público. Aliás do novo álbum o destaque vai para a execução memorável das ótima "Vultures", "Raise Your Fist!" e "Fear, Violence and Massacre". Ahh, pelo meio ainda houve tempo para uma volta ao passado, com "Masked Betrayer" do EP Time of Death, o primeirão das meninas, rápido, incisivo, e continua a soar bem no meio do novo material.
Nervosa no Espaço 555 em São Paulo
NERVOSA SETLIST
Horrordome
...And Justice for Whom?
Death!
Enslave
Hostages
Masked Betrayer
Never Forget, Never Repeat
Vultures
Raise Your Fist!
Arrogance
Kill the Silence
Fear, Violence and Massacre
Intolerance Means War
Into Moshpit
Havok no Espaço 555 em São Paulo
Após 4 anos de sua primeira passagem pelo Brasil, quando fizeram show único no já extinto Hangar110 em São Paulo, o excelente quarteto norte-americano HAVOK, oriundo de Denver, Colorado, voltou este ano para promover a novidade Conformicide, com 3 datas em território nacional. O regresso a São Paulo era aguardado com ansiedade, afinal a banda tem se tornado muito popular, com constantes tours, e crescendo a olhos vistos a cada novo registro de estúdio. O quarteto é liderado pelo guitarrista/vocalista David Sanchez, o único remanescente da formação original. Nesta oportunidade trouxe Nick Schendzielos (Cephalic Carnage, Job For A Cowboy), o novo baixista que gravou o último álbum de estúdio, e substituto de Mike Leon, atualmente no Soulfly de Max Cavalera.
David Sanchez - Havok
O show estava marcado para as 22h, porém nesse horário os músicos entraram em palco para afinar os instrumentos e fazer a passagem de som. Situação triplamente frustrante! Primeiro, porque é um saco isso. Segundo, porque tira qualquer impacto ou surpresa na revelação do artista perante o público. Terceiro, porque essa meia hora de atraso me obrigou a sair antes do final do show, visto que eu tinha outro evento para atender na sequência. Enfim, situação pouco comum de se ver em shows profissionais, mas que infelizmente ainda ocorrem neste nosso querido underground nacional. Espero que tenha sido algo alheio à vontade da banda, pois ela está em seu direito de tocar com um som decente, o que eventualmente acabou por ocorrer, apesar do atraso.
Reece Scruggs - Havok
Deixando de lado o ocorrido, ou imprevisto se preferirem, a banda sobe finalmente em palco introduzindo a quebradeira do tema "Fatal Intervention" do álbum Time is Up, mas não sem antes fazer nova pausa programada, com o vocalista pedindo ao público para formar o famoso Wall of Death. Mas aqui fica a minha dúvida: Precisava ser logo na primeira música? Enfim, ótimo tema, que particularmente me remete a algum do material do Death, porém é claro, com o cunho thrash que lhes é peculiar. Veja abaixo no vídeo da agenda deste mês, o tema referido na íntegra. É só dar play!
Admiro muito a linhagem do Havok, pois neles reconheço referências de bandas incontornáveis do gênero em início de carreira, tais como Exodus, Metallica,ou até mesmo o já referido Destruction, mas é claro, atualmente estão bem maturados e com muita personalidade musical. O setlist apresentou 4 temas da novidade Conformicide, e daqueles que pude testemunhar destaco "F.P.C." (Fuck Political Correctness) cheia de groove, baixo saltitante, e referências a Dave Mustaine do Megadeth; e ainda a excelente "Hang'em High", o single de avanço do novo álbum. O set também privilegiou o álbum Time is Up de 2011 do qual tocaram 4 músicas, e dentre elas "Prepare for Attack", um ótimo tema, mas cujo refrão me faz lembrar "Whiplash" do Metallica. Ainda consegui ouvir um dos dois temas que tocaram do EP Point of No Return de 2012, mais precisamente a faixa título. Até aqui uma prestação imaculada do quarteto, todos muito técnicos e precisos em seus instrumentos. Infelizmente tive que deixar o recinto no meio da gigantesca "Ingsoc" do novo álbum, aliás esta é uma das novidades nas novas composições do grupo, bem mais longas e experimentais do que o habitual.
Nenhum comentário:
Postar um comentário